Série Especial - Parte 2

Criopreservação de embriões

  • FLÁVIA ZAGO
  • 06/08/2021
  • 10h41

 

Acompanhe a segunda parte da série.  

 

Criopreservação de embriões

 

Outra técnica que pode trazer benefícios ao programa de TE é a criopreservação de embriões que pode ser realizada através de métodos de congelação gradativa ou vitrificação (processo ultra-rápido de desidratação e congelação embrionária). De acordo com revisões realizadas por alguns pesquisadores, dentre eles, McCue (2009) e Moya-Araujo e colaboradores (2010), as principais vantagens da criopreservação representam:

 

• Armazenamento de embriões de elevado valor genético por longo período (indefinido) de tempo;

• Transporte internacional de embriões, uma vez que o custo é muito mais baixo do que o transporte de um animal vivo;

• Redução do número de receptoras necessárias para um programa de TE, pois os embriões podem ser recolhidos, congelados e transferidos apenas quando houver disponibilidade de receptoras;

• Transporte de embriões sem a necessidade de receptoras previamente sincronizadas para receber o embrião;

• Embriões recuperados no meio ou final de uma época de reprodução podem ser congelados e transferidos apenas no início da estação de monta subsequente, permitindo a obtenção de potros nas épocas mais favoráveis do ano.

 

Embora diversas vantagens possam ser apontadas, a tecnologia de criopreservação não é muito utilizada quando comparada às outras técnicas de preservação de embriões equinos. Essa baixa adesão à técnica pode estar relacionada (em parte) à dificuldade em superovular as doadoras para recuperação de múltiplos embriões (o que poderia gerar um excedente embrionário que naturalmente se destinaria à congelação) e com a dificuldade em congelar embriões de grandes dimensões, que acabam perdendo viabilidade e fertilidade em função do procedimento (MCKINNON e SQUIRES, 2007). Além disso, a falta de treinamento técnico para execução da criopreservação (sobretudo para vitrificação, técnica que exige maior destreza e boas condições laboratoriais para manipulação embrionária) faz com que essa técnica ainda seja sub explorada nos trabalhos de TE em equinos.

 

 

Conclusões sobre o transporte de embriões equinos

 

A possibilidade de transporte dos embriões equinos cria um cenário favorável ao bom desempenho do Médico Veterinário que trabalha em várias propriedades e/ou que precisa coletar um embrião em uma propriedade para transferir em outro local onde se encontram as receptoras. De maneira geral, embriões equinos a fresco resistem bem por até 4 horas entre a colheita e inovulação na receptora. Já a refrigeração representa uma boa alternativa para o aumento da longevidade embrionária por períodos em torno de 24 horas, intervalo de tempo que pode viabilizar o deslocamento de embriões para outras cidades ou estados dentro do país. A criopreservação dos embriões ainda é uma técnica pouco utilizada nas centrais de TE do Brasil, porém com potencial de implementação, sobretudo para aqueles que precisam realizar a manutenção e transporte embrionário por longos períodos de tempo principalmente voltado para um mercado de exportação de embriões.

 

 

 

Por: Gustavo Mendes Gomes1, André Maciel Crespilho2, Letícia Patrão de Macedo Gomes1

 

1-Centro Avançado de Reprodução Equina, Vassouras/RJ, Universidade de Vassouras, Vassouras/RJ.

2- VetSemen – Analise de Sêmen para Inseminação Artificial, Barueri, SP.