A apresentação do panorama atual das principais pesquisas e observações práticas de como os treinamentos atualmente observados na raça Mangalarga Marchador podem estar afetando o desempenho, crescimento e a integridade física do animal. Tudo isso foi abordado na palestra “Como Conciliar Treinamento e Bem-estar Animal” ministrada hoje, 19 de julho, no auditório do IMA, por Kate Barcelos, instrutora de Equitação, técnica da ABCCMM e juíza de Adestramento da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH).
Ela abriu o evento com uma pergunta: “O que decide um campeonato?” E afirmou que hoje a distância entre os primeiros sete colocados nos julgamentos de uma Nacional é muito pequena e as vezes decidida nos detalhes. Mas, deixou no ar um alerta: atletas de alta performance estão sujeitos a lesões.
Isso tem sido relatado nos diversos trabalhos técnicos de Kate, dentre eles uma pesquisa iniciada em 2014 com 426 animais, de 15 a 58 meses, da raça Mangalarga Marchador de Marchas Batida e Picada. Estes exemplares tiveram os posteriores e anteriores radiografados e este material foi levado para a Inglaterra para apuração.
Os resultados da Marcha Picada já foram apresentados e mostraram que dos 56 animais que ganharam premiações nos julgamentos convencionais 70% tinham problemas, sobretudo, nos jarretes, que é o local mais comum em se tratando de lesões esportivas, informou Kate. Ela acrescentou que a mais frequente é a osteoartrite. Em seguida, mostrou os diversos traumatismos que ocorrem nos animais atletas e fez um comparativo com outras raças. Os resultados dos trabalhos de 2015 e dos animais de Marcha Batida serão publicados em 2016.
A palestrante falou ainda do excesso de trabalho, de carboidratos e de peso dos animais. Informou que os cavalos crescem até os cinco anos e que o cavalo mais velho hoje na Gameleira tem 12 anos de idade, mas a média é de oito anos, média essa que, de acordo com ela, poderia ser alterada se se trabalhar os animais, tendo em vista o bem-estar e assim aumentar o tempo de vida atlética dos deles.
Para finalizar, deixou algumas conclusões a que chegou com sua pesquisa e disse que é necessário respeitar as variações morfológicas da raça durante o treinamento, fazer o uso correto das técnicas de equitação, prestar a atenção na alimentação versus obesidade, ficar atento também a questão do sono e descanso dos animais, equacionar a questão confinamento e liberdade e observar a quantidade de exercícios a que eles estão sendo submetidos.
Kate, além de seu vínculo com a ABCCMM e a CBH, é membro efetivo da Sociedade Internacional de Ciência da Equitação (ISES), médica veterinária Doutoranda em Zootecnia (UFMG) com trabalho desenvolvido com Campeões Nacionais da raça Mangalarga Marchador em parceria com a Associação.