Quando se fala em criação de equinos, uma das primeiras preocupações dos criadores está relacionada à pastagem da propriedade, pois algumas forrageiras não são indicadas para os cavalos e podem, inclusive, ser prejudiciais à saúde.
Herbívoros por natureza, a pastagem é, obrigatoriamente, a principal fonte de energia, proteínas e demais nutrientes necessários para manter o escore corporal adequado em cada fase da vida do cavalo. Além disso, é o alimento de menor custo ao proprietário. A suplementação deve ocorrer somente em casos específicos, conforme orientação profissional. A oferta de grãos também deve seguir critérios.
Por suas características fisiológicas – herbívoros monogástricos, os equinos precisam se alimentar por muitas horas seguidas, por isso, o ideal é que estes animais sejam criados a pasto. Mas em caso de animais estabulados, a disposição contínua do volumoso evitará que os indivíduos fiquem estressados, desenvolvam manias inadequadas ou até mesmo percam qualidade de vida e tenham queda no desempenho de suas atividades.
Mas você sabe o melhor tipo de capim para sua propriedade ou como executar o manejo adequado das forrageiras que alimentam o seu Marchador?
Maurício Araújo Ribeiro, Engenheiro Agrônomo - UFLA, com Pós Graduação em Nutrição Mineral de Plantas pela ESALQ - Piracicaba e Pós Graduação em Pastagens pela FAZU – Uberaba, Árbitro e Instrutor da ABCCMM e Consultor em Pastagens e Cafeicultura, nos dá dicas dos critérios que devemos levar em conta para formar a propriedade, “Não existe uma variedade padrão, devendo-se olhar a topografia do terreno, o tipo de solo, manejo que o produtor adotará, o tipo de grama já existente no local, entre outras coisas. São fatores que devem sempre ser levados em conta na hora da formação da pastagem. Normalmente os mais utilizados são os grupos dos cynodons (tiftons, Jiggs...), estoloníferos e os pânicuns (tanzânia, mombaça, massai, zuri, quênia,...), que são capins de touceiras.”, Maurício também afirma que é importante que se faça uma análise sobre a fertilidade do solo em questão.
O especialista chama a atenção para o manejo que os criadores adotarão, “Deve-se ficar atento, principalmente, ao sistema de pastejo que será utilizado, Nosso principal desafio ao formar pastagens para cavalos é justamente utilizá-las corretamente, sendo o sistema de pastejo rotacionado fundamental para que possamos manejá-las eficientemente.”
Os equinos costumam passar a maior parte do seu tempo se alimentando, pois possuem estômago pequeno e em liberdade chegam à passar até 20 horas por dia se alimentando. Segundo Maurício essa característica exige um manejo especial para o pastejo, “Nosso principal desafio no manejo do pastejo com os equídeos vem de seu hábito alimentar, a maneira como eles apreendem os alimentos, tendo hábito de pastejo rasteiro, passando longos períodos se alimentando, levando a um maior pisoteio do capim, além de serem extremamente seletivos. Dessa forma, levam a uma fácil degradação da pastagem, sendo então, que com o manejo correto se evitará que haja esse desgaste, com posterior surgimento das pragas e as plantas indesejáveis. O manejo rotacionado fará com que os animais comam mais uniformemente, evitando que o cavalo coma demais em uma determinada área e que em outra o capim passe do ponto de coleta.”, pontua.
O manejo alimentar correto é essencial também para o bem-estar dos animais nas propriedades que possuem equinos embaiados, Maurício deixa algumas dicas “O animal estabulado precisa de alimento disponível 24 horas por dia, tendo o acesso constante, o que ajuda na qualidade alimentar, sendo a mastigação fundamental para uma maior insalivação, liberando enzimas que ajudam na digestão e ainda a endorfina, que torna o animal mais tranquilo, evita o estresse e o surgimento de manias. O ideal é fornecer o capim, inteiro, sem picar (de preferência Tifton), deixando-o mastigar mais vezes, aproveitando melhor as fibras, e salivando mais.”, enfatiza o agrônomo que finaliza “O grande segredo da pastagem é o manejo correto, cuidar, adubar e principalmente, colher o capim no ponto certo.”.