O Sul de Minas Gerais foi o ponto de partida das Cavalgadas Temáticas, novo projeto da ABCCMM para o fomento e incentivo da atividade equestre.
Criteriosamente elaborado, o Roteiro da Cultura, em Baependi/Cruzília foi o escolhido para inaugurar a série que contará com mais dois eventos, 2ª Cavalgada Roteiro do Café, Varginha (MG) e a 3ª Cavalgada Roteiro do Queijo, Serranos (MG).
Quem esteve presente na primeira aventura aprovou a iniciativa. Dada a largada na Pousada Topada em Baependi , cavaleiros e amazonas percorreram trechos da região desbravada no século XVII, na busca pelo ouro.
De acordo com o diretor de Esportes da ABCCMM, Maurício Pierrotti, “Absorver a cultura local e trazer o resgate histórico proporciona aos participantes vivências enriquecedoras e é essa a nossa intenção”, afirmou. Ele descreve aqui os lugares percorridos e essência do local:
Por Maurício Camara Pierrotti
O primeiro roteiro, denominado Roteiro da Cultura, teve como ponto de partida a Pousada Topada, em Baependi. Essa região foi desbravada no século XVII, na busca pelo ouro. A primeira referência ao nome Baependi vem do tupi-guarani Maependi, cujo significado é “clareira na mata”, “picada que dá passagem” ou “atalho”.
Elevada à categoria de cidade em 1856, Baependi tem sua história marcada por Nhá Chica, batizada no ano de 1810 (e provavelmente nascida nesse mesmo ano) que, em 2013, foi declarada pela Igreja Católica a primeira beata do Sul de Minas. Filha livre de uma ex-escrava, analfabeta, Nhá Chica deixou poucos documentos, mas inúmeros relatos sobre sua fé e caridade, conhecida como “Mãe dos Pobres” por sempre auxiliar a todos, vivendo de modo muito humilde.
Dentro do nosso roteiro, o santuário foi um dos pontos de visita. Importante local de peregrinação, cavaleiros e amazonas tiveram a oportunidade conhecer ou revisitar o lugar de interesse cultural.
Em seguida, a cavalgada seguiu rumo à Cruzília, cidade conhecida por suas fazendas centenárias, produção de móveis e queijos e, em especial, por ser considerada o berço do cavalo Mangalarga Marchador.
Na rota Cruziliense, os conjuntos passaram pela tradicional fazenda Morro Grande, onde fizeram uma pausa especial na oportunidade para cortesia e cumprimentos.
Cruzília também teve sua origem na busca pelo ouro, tendo sido colonizada por faiscadores (mineradores que trabalhavam nos depósitos de aluvião). O nome deriva do fato de ficar originalmente na encruzilhada de duas importantes estradas do período colonial, a que ligava São João Del Rei a Aiuruoca e a que ligava o Rio de Janeiro à região aurífera das Minas Gerais.
Em 1805, tem-se o primeiro registro da pecuária na região, com a chegada de algumas cabeças de gado leiteiro holandês. A produção de queijos conta com o fato curioso da imigração dinamarquesa que, entre 1910 e 1930, misturou técnicas europeias à produção local. Já as origens do cavalo marchador estão na Fazenda Campo Alegre na qual, por volta de 1812, Gabriel Francisco Junqueira, o “Barão de Alfenas”, ganhou de D. João VI um garanhão da raça Alter Real e iniciou sua criação de cavalos, cruzando este garanhão com as éguas comuns de sua fazenda.
Em Cruzília, não poderia faltar a visita ao Museu Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, fundado pela ABCCMM, o acervo preserva a história da raça por meio de objetos, vídeos e textos.
O Roteiro da Cultura foi finalizado no Parque Ventania, também em Cruzília, local que abriga diversas atividades do município, sendo que seu Salão Nobre foi tombado, por seu valor histórico, em 2015.
Valeu a experiência!