Produção de vinhos de inverno no Sul de Minas

Famosa por ser o Berço da Raça Mangalarga Marchador, região vem se destacando como produtora de excelentes rótulos

  • YAGO ROCHA
  • 18/07/2017
  • 13h50

           Parte da programação do primeiro dia da Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador/ 2017 incluiu uma palestra a respeito da produção de vinhos de inverno no Sul de Minas.

            O produtor, Eduardo Junqueira e o pesquisador da Epamig, Murillo Regina, trouxeram informações e dividiram experiências com os participantes. A região Sul, famosa por ser o Berço da Raça Mangalarga Marchador, vem se destacado como produtora de excelentes rótulos. Prova disso é o vinho Maria Maria Bel Sauvignon Blanc 2015, feito em Três Pontas, por Eduardo Junqueira, que conquistou o primeiro lugar, na categoria bronze, no concurso Decanter World Wine Awards. Um dos maiores e mais importantes avaliações do segmento, que foi realizado em maio deste ano, em Londres.

            27 rótulos de vinhos brasileiros participaram da disputa. Cinco, dos 15 premiados, foram elaborados com a tecnologia da dupla poda, desenvolvida pela equipe de Murillo Regina, no Núcleo Tecnológico Uva e Vinho da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Caldas.

O método consiste na realização de duas podas. Uma em agosto, de formação dos ramos e outra em janeiro, de produção. Tal medida garante que a fruta cresça a partir de fevereiro, comece a amadurecer em maio e esteja pronta para ser colhida em julho, durante o inverno. Época em que a uva alcança seu melhor momento de maturação para a produção de vinhos.

De acordo com o pesquisador, a técnica é ideal para o Sul de Minas. Por oferecer brilho solar ao longo do dia, noites frias e solo seco, a região tem características climáticas que remetem às melhores áreas vinícolas do mundo.

Nos últimos 25 anos o consumo de vinho vem aumentando no país. Contudo, ainda é considerado pequeno. Em média, por ano, cada brasileiro ingere dois litros da bebida. Para Murillo, vários fatores podem explicar esse comportamento. Um deles diz respeito ao preconceito que temos dos vinhos produzidos aqui. Apesar de muitos rótulos oferecerem excelente nível de qualidade, constantemente perdem para vinhos chilenos e argentinos, por exemplo. Outro ponto que merece destaque é a alta carga tributária incidente na bebida brasileira, o que impede que ela tenha preços mais competitivos no mercado.

Para o produtor do vinho Maria Maria, Eduardo Junqueira, a técnica disponibilizada pela Epamig apareceu em boa hora. Cervejeiro de carteirinha, ele teve que mudar os hábitos após um infarto e passou a consumir vinho. Grande produtor de café, se aproveitou das características climáticas da região Sul para fabricar sua própria bebida.

Ao longo do período de cultivo, uma longa expectativa. Ao final, o resultado surpreendente e, consequentemente, o prêmio. O sucesso tem alimentado a produção que cresce desde 2015, quando foram disponibilizadas 6.000 garrafas. Da safra de 2016 são 7.200 unidades e para o ano que vem a expectativa é de 12 mil garrafas.

Atualmente, os vinhos mineiros finos produzidos com a técnica de dupla poda podem ser encontrados de R$ 80 e R$ 110 e estão disponíveis nas melhores e conceituadas adegas do país.