Palestra Princípios dos Programas de Condicionamento Físico

O assunto é muitas vezes tratado de forma empírica, o que tem gerado um alto índice de lesões nos cavalos, na maior parte das vezes, por excesso de esforço.

  • YAGO ROCHA
  • 26/07/2017
  • 10h47

A palestra da médico-veterinária Jéssica Lage aconteceu hoje, 26 de julho, no auditório do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), e reuniu interessados no tema “condicionamento físico”. A palestrante tem origens rurais e disse, no início do evento, que sempre montou e se preocupou com a saúde dos animais após os trabalhos.

Abriu a palestra com uma pergunta: “O que é preciso saber para planejar o condicionamento físico dos atletas”? Segundo ela, o assunto é muitas vezes tratado de forma empírica, o que tem gerado um alto índice de lesões nos cavalos, na maior parte das vezes, por excesso de esforço.

Comentou que, basicamente, o trabalho que desenvolve hoje é caracterizar a intensidade das provas de marcha. Ela, que realiza avaliações de desempenho dos animais em alguns haras, destacou que é necessário que os apresentadores/ tratadores e os donos de criatórios passem a enxergar o cavalo como um atleta e que essa preocupação deve ser tal qual a que existe no futebol. “Hoje todo jogador precisa de uma fisiologista”, ressaltou.

Em seguida, abordou a importância da integração dos sistemas respiratórios, cardiovasculares, muscular e a viabilidade da utilização do oxigênio. Informou que o coração de um cavalo é cinco vezes maior que o de um ser humano, mas que o pulmão não tem alterações de tamanho.

Jéssica salientou que para se fazer um campeão é necessário se ter uma atenção especial nos seguintes detalhes: genética, nutrição, manejo adequado, treinamento, temperamento, saúde, apresentação e ambiente. Falou ainda que não existe uma fórmula para o condicionamento físico e que é necessário respeitar a individualidade de cada animal e apresentou programas de treinamento de condicionamento físico e treinamento técnico.

A palestrante lembrou os presentes da necessidade de descanso para os animais depois de trabalhos intensos, afirmando que o ideal é soltá-los no piquete para o relaxamento. Uma dica que deu foi que cavalos que trabalham no andador devem fazer seus exercícios nos dois lados e que é habito dos tratadores se entreter com outra atividade na fazenda e esquecer o animal andando em apenas uma direção.

Ela chegou a quantificar a carga de trabalho para os animais que estão iniciando nos programas de treinamento. “Sugiro que no primeiro mês 30 minutos no passo, três vezes por semana. No segundo mês, passo, marcha e galope três vezes por semana. Aumentar a intensidade é o último componente a ser incorporado”.

Para prevenir lesões, Jéssica salientou que é importante a realização de exames clínicos periódicos, avaliações laboratoriais (hemograma) e testes de padronização de avaliação física. A médico-veterinária explicou que viagens, provas excessivas são prejudiciais para a evolução da performance do cavalo. Ela aconselhou que os animais que irão participar de uma Nacional tenham pelo menos cinco dias de descanso antes de entrarem na pista. Outra dica é que a ração seja fornecida de 2 a 5 horas antes, capim verde um dia antes da prova e feno à vontade. “Acabou a Nacional dar férias para os animais. Trabalho só no passo livre, rédea livre duas ou três vezes por semana e lembrar de mantê-los soltos no piquete parte do dia”.

Para finalizar, afirmou que não faz qualquer programa de condicionamento físico sem que sejam passados por parte do tratador os conhecimentos sobre o animal. Jéssica encerrou a palestra tirando as dúvidas dos que estavam presentes.

Fotos: Clau Silva