O Ano Hípico já começou e com ele iniciou-se também um intenso trabalho de preparação para as competições da temporada. Então, é hora de entender os objetivos e traçar metas para alcançá-los. Essa é uma boa receita para se chegar aos resultados. Nesta fase, criadores, treinadores e demais profissionais devem ficar atentos ao manejo dos animais, principalmente aqueles que estão em fase inicial de preparação.
Planejamento é sempre a melhor alternativa para se obter bons resultados, e quem garante isso é a especialista em Treinamento de Animais para Pista, Cynthia Daniela Feliciano. Segundo ela, o acompanhamento aos animais deve ser realizado desde o nascimento, respeitando todos as etapas de desenvolvimento.
Para a médica veterinária, treinadores e proprietários precisam respeitar as particularidades de cada indivíduo, “É preciso escolher animais de potencial, determinar quais são as suas limitações, adequar o manejo e traçar um plano de trabalho em cima das fragilidades e limitações de cada um, para se conseguir levar os cavalos atletas ao máximo desempenho. Também é necessário estar atento ao bem-estar desses cavalos.”, pontua Cynthia. Para os primeiros estágios de treinamento do animal recomenda-se trabalhos leves, com exercícios a passo, caminhadas na água, dentre outros treinos moderados que fortaleçam a musculatura e deem condicionamento físico e o preparo adequado para os trabalhos de alto impacto e longa duração.
Que a confiança é base para um bom relacionamento, todos sabem. Com os cavalos essa regra não é diferente, por isso Cynthia recomenda metodologias que reforcem esse sentimento entre o conjunto “Atividades que aumentem o laço entre cavalo e apresentador, como raspar, escovar, limpar cascos, afagar para demonstrar reconhecimento de trabalho correto são pequenas atitudes que farão animal confiar e responder aos comandos do treinador. Na doma racional nunca se utiliza força, agressividade ou coação. Sempre se busca confiança e cumplicidade, pois para o treinamento de pista é necessário a interação entre cavalo e cavaleiro.”, explica.
O tempo ideal de treinamento diário do animal deve ser estabelecido conforme a qualificação osseo-tendinea e articular, fase de treinamento e equitação. O período de atividades deve ser amentado gradualmente e sempre com acompanhamento técnico. A especialista chama a atenção para a possibilidade de haver mudanças “Alguns percalços podem alterar a evolução do planejamento e é preciso saber voltar atrás, alterar ou reduzir o tempo de trabalho ideal. Às vezes pode ser necessário construir uma alternativa, mas sem perder o foco e assim chegar no máximo de desempenho atlético para a data pré-determinada.”, conclui.
Nutrição
Devido ao alto gasto energético durante as atividades e por algumas vezes vivenciar situações de estresse, os cavalos atletas precisam de uma atenção especial para sua alimentação, que deve ser balanceada e suprir todas as necessidades nutricionais. Por isso, o manejo alimentar deve ser feito sob o acompanhamento profissional para que não haja excesso ou falta de nutrientes na dieta.
De acordo com a médica veterinária Mayara Gonçalves Fonseca “o Marchador atleta deve ter como base da sua alimentação diária o volumoso (capim ou feno de gramíneas) de boa qualidade, que deve ser disponibilizado à vontade durante todo o dia e a noite. A ração é um alimento concentrado em proteína, aminoácidos, energia, minerais e vitaminas que é desenhado para completar o fornecimento dos nutrientes necessários ao cavalo atleta. Seu fornecimento deve ser fracionado em pequenas porções ao longo do dia e a quantidade total diária fica em torno de 1% do peso corpóreo do cavalo. Já o suplemento (ou sal) mineral para equinos é outro alimento essencial que deve ser disponibilizado à vontade em cocho próprio, assim como água limpa e fresca”, afirma.
Mayara também lembra que no período de competições é importante ter alguns cuidados com a alimentação: “É preciso respeitar o intervalo mínimo de 3 horas entre o fornecimento da ração e o esforço físico. Caso esse intervalo não seja possível, suspenda o fornecimento daquele trato de ração e ofereça apenas o volumoso, sal mineral e água. Ao contrário do que muitos pensam, a ausência daquela refeição de ração não diminuirá o desempenho do animal e irá prevenir problemas digestivos e fadiga durante a atividade física”, orienta.
Após o fim do esforço físico, o cavalo deve ser resfriado com um banho, diminuindo sua temperatura que foi aumentada com o exercício, beber água limpa e fresca e comer o volumoso. Depois dessa sequência e apenas quando a frequência respiratória e os batimentos cardíacos do cavalo voltarem aos valores de repouso (aproximadamente 1 hora após o exercício) é que então deve ser ofertada a ração. Mantenha as quantidades e os horários estabelecidos na rotina do cavalo e somente forneça a ração se o cavalo não apresentar nenhum sinal de dor ou desconforto.
Além desses tópicos, o planejamento do ano hípico também deve contemplar cuidados rotineiros com os cascos, pelos, com baias, terapias pós treino, dias de descanso, prevenção odontológica, vacinação, vermifugação, dentre outras medidas que garantem o bem-estar e saúde do indivíduo. Aproveite o início do novo ano hípico para se organizar, traçar metas e criar rotinas de sucesso para seu cavalo!